Conta-se que, depois destas batalhas, D. Fuas Roupinho foi para Porto de Mós repousar e praticar a sua distracção favorita: a montaria.
.
Diz a história que tudo se passou no dia 14 de Setembro de 1182.D. Fuas saíra com os companheiros para a mata do Sítio. Levavam lanças e bestas, os seus olifantes ou buzinas de caça e iam vestidos mais levemente do que quando partiram para a guerra.
.
Sobre as túnicas curtas tinham colocado uma capa que esvoaçava quando galopavam e em substituição da loriga tinham coberto os cabelos com gorros de pele. Lentamente, embrenharam-se nos caminhos da mata, olhando à volta com atenção para descortinarem entre o arvoredo as hastes de um veado ou rastos de lebres e javalis. Estava um nevoeiro espesso e D. Fuas acabou por se perder dos companheiros.
De repente, viu um veado enorme, de porte real, que parecia desafiá-lo, e esporeou a montada para não perder aquela oportunidade. O veado deixou que o cavaleiro se aproximasse audaciosamente e lançou-se em louca correria em direcção à beira do penhasco rochoso.
.
Fuas, que galopava meio cego de entusiasmo, não reparou onde se encontrava senão quando viu o veado atirar-se no abismo. Tentou parar o cavalo, mas a velocidade era tal que nenhuma força humana o conseguiria parar.
.
Num segundo, o cavaleiro anteviu as consequências e invocou a Nossa Senhora da Nazaré que, de imediato, surgiu no céu, frente à montada. O cavalo estacou imediatamente, fincando com tanto desespero os cascos traseiros na rocha, que ainda hoje existe.
.
No fundo do precipício, nas rochas frente ao mar, o veado estatelou-se e desfez-se em fumo negro: era o Diabo a tentar o cavaleiro.
.
Em agradecimento deste miraculoso salvamento, D. Fuas mandou construir a capela da Memória, ali, junto à lapa onde fora encontrada a imagem da Senhora da Nazaré, no mesmo sítio onde o seu cavalo estacara.
Sem comentários:
Enviar um comentário